Em resposta às declarações do Sr. Ministro da Saúde entendeu o SNF enviar um comunicado que pode ser consultado aqui:
COMUNICADO DE IMPRENSA
O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) foi surpreendido, no segundo dia da primeira fase da Greve dos Farmacêuticos do SNS, com as declarações do Senhor Ministro da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, segundo as quais a greve que está a decorrer desde ontem provocou “o adiamento do arranque de tratamentos oncológicos”, apelando seguidamente o senhor ministro ao “compromisso ético dos farmacêuticos” do Serviço Nacional de Saúde, uma vez que “os doentes oncológicos não podem ser usados num processo de luta laboral, seja qual for esse processo e a sua legitimidade”.
O SNF sabe que a atual greve dos farmacêuticos, cuja segunda fase vai decorrer no mês de novembro durante mais dois dias, tem impacto na vida de pessoas com doença e que, como tal, tem tido efeitos no dia-a-dia de todos os que se deslocam aos hospitais, para tratamentos ou recolha de medicação. Em todo o caso, queremos salvaguardar e dar a conhecer aos portugueses e ao senhor Ministro da Saúde, dr. Manuel Pizarro, que todos os pedidos e prescrições médicas urgentes recebidos pelos farmacêuticos nas farmácias hospitalares tiveram resposta por parte dos farmacêuticos e que os serviços mínimos, definidos por lei – onde se incluem os inícios de tratamentos oncológicos considerados urgentes – têm estado assegurados em todas as circunstâncias. Salientamos, aliás, que tendo o pré-aviso de greve sido apresentado com a antecedência legal definida, não foi solicitado a este sindicato nenhuma reunião para alteração dos serviços mínimos.
Muito estranhamos que não haja da parte do Senhor Ministro da Saúde a mesma preocupação com os adiamentos e continuação destes mesmos tratamentos, quando estes são adiados ou interrompidos por falta de recursos humanos, de equipamentos, meios complementares de diagnóstico ou de condições logísticas adequadas para administração dos tratamentos.
O SNF avançou para esta greve depois de muitas tentativas realizadas junto do Ministério da Saúde e de diferentes ministros da tutela, no sentido de ultrapassar o impasse relativo a:
- Aumento do número de farmacêuticos no SNS;
- Valorização da profissão;
- Revisão da Tabela Salarial, que data de 1999;
- Reconhecimento dos títulos de especialidade da OF;
- Regularização do acesso à Residência Farmacêutica.
O compromisso ético dos farmacêuticos é conhecido de todos os portugueses, porque esta é a primeira greve realizada pelos farmacêuticos há mais de 30 anos.
A luta que os farmacêuticos do SNS estão a travar já se arrasta há muitos anos e durante todo este tempo nunca os farmacêuticos deixaram de colocar os doentes em primeiro lugar, mesmo com limitações e dificuldades no seu local de trabalho e com sacrifícios pessoais, cumprindo sempre escrupulosamente os mais altos princípios éticos e deontológicos.
Desta vez, e após várias tentativas para encontrar uma solução que impedisse a greve, fomos forçados a avançar neste caminho. Por nós e pelos portugueses!
Não deixámos nenhum doente para trás porque os serviços mínimos definidos pela lei estão e estiveram ontem e sempre assegurados e estão cumpridos.
Neste momento queremos resolver o problema e uma vez que a segunda fase da greve está agendada para o próximo mês, apelamos ao Senhor Ministro da Saúde, Dr. Manuel Pizarro, para que demonstre a sua boa vontade e resolva os problemas destes 1200 farmacêuticos portugueses.
Queremos trabalhar mais e melhor.
Queremos que os portugueses tenham melhores tratamentos.
Queremos ajudar todos os doentes que necessitam de tratamentos adequados.
Mas para resolver estas situações precisamos que o Governo invista na valorização dos farmacêuticos e da atividade farmacêutica no SNS. A decisão está nas mãos do Governo.
Porto, 26 de outubro de 2022
A Direção do SNF
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